O tal do coração
Se fosse de papel
Poderia ser facilmente amassado
E sorrateiramente descartado
Na lixeira próxima do alcance das mãos
Se fosse de papelão
Poderia ser destroçado
Em minutos e sem alarde
À noite, de manhãzinha ou à tarde
Se fosse de madeira
Poderia ser picotado
Com um serrote afiado
E despejado em um gramado qualquer
Se fosse de alumínio
Poderia ser pisoteado
E lançado a uma caçamba
Sem sequer ser notado
Se fosse de gelo
Poderia facilmente
Ser diluído e até consumido
Em formato de água
Oh! Mas é de carne
Pulsa, vibra, arde, queima
E transita pelo arcabouço de afeto
Que o integra
Ele reproduz emoções
Rudimentares e primitivas
E acessa a pulsação contumaz
Que o faz ser chamado de Coração.