Ampulheta
Quando o silêncio grita
E a alma emudecida, chora
Lágrimas intocáveis
Afloram no presente
O que outrora fora postergado
Passos mudos produziam
Pegadas invísiveis
E os móveis continuam no quarto
De portas trancadas
Sem ruídos
O coração escuta um zumbido
Frouxo
Indelicado consolo do tempo
Lança sobre os dias uma ampulheta
Voraz
Ainda que lenta
Devora os pensamentos
De quem almeja mudança
E caminha entre os tropeços
Feito criança a marchar
Invisível prossegue a contagem
Que nós, curiosos, aguardamos
Presenciar
Não apenas sentir
O peso do tempo
Que se diz passar
Intempestivo
Sem fim.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário