domingo, 4 de março de 2012

Ampulheta

Quando o silêncio grita
E a alma emudecida, chora
Lágrimas intocáveis
Afloram no presente

O que outrora fora postergado
Passos mudos produziam
Pegadas invísiveis
E os móveis continuam no quarto

De portas trancadas
Sem ruídos
O coração escuta um zumbido
Frouxo

Indelicado consolo do tempo
Lança sobre os dias uma ampulheta
Voraz
Ainda que lenta

Devora os pensamentos
De quem almeja mudança
E caminha entre os tropeços
Feito criança a marchar

Invisível prossegue a contagem
Que nós, curiosos, aguardamos
Presenciar
Não apenas sentir

O peso do tempo
Que se diz passar
Intempestivo
Sem fim.

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