Demora fugaz
Demora fugaz com teu silêncio indecifrado
Demora pouco com a lentidão de teus passos
Não demora a mexer na ampulheta
Dinâmica do tempo
Demora devagarinho nos gestos carinhosos
Demora bem nos beijos e abraços
E demora nos teus olhos aos meus
Permite o inesperado
Demora desfalecida sem desenlaces
Rendida em meu colo
Demora pouco em ceticismo
E delega pouca espera ao entorno
Demora pouco no retorno dos encontros
O tempo demora a fustigar
Se demoras a me deixar
Sê breve em palavras que diz e escreve
Demora bem na nossa descoberta de pele
Decifra morosamente cada ungido e suspiro
Demora a despir-se de desejos comuns
Demora no tempo do enlace cru
Demora suas mãos nas minhas, oração
Demora na prece que não nos impede afetividade
Demora ao escutar-me
As batidas descompassadas do coração
E sê demora lenta ao que representa liberdade
Sê manifestação nua de disponibilidade ao contato
E demora fugaz ao que extirpa sonhos das lentes serenas
Dos óculos que colorem as lentes do inexplicável.
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