domingo, 22 de janeiro de 2017

Constructo da espontaneidade



De manhã poesia acinzentada 
Me ocorria vagarosa
Foi interditada pela prosa interna
Dos grilos ativos que vivem na caixola

Essa danada mania de sofrer antecipadamente
Rasga o peito e costura quando quer, tão lentamente
Que a fadiga mental escapa desse cômodo 
E vai ao quintal de sonhos deitar-se na rede 

Existir é obra inigualável da singularidade
Conduzir a vida como manobrista articulado
Ou ser desses cabras desajeitados que colidem no primeiro muro
É chulo recusar-se a enfrentar os leões de si mesmo

O espelho traz possibilidades: 
Olhar para a realidade ou só ver um pesadelo
Desses de filmes de terror, no qual só se grita e fecha os olhos
Esse torpor de atitude não permite recuos tampouco esconderijo

Acalente teu peito nos abrigos do caminho
Aceite o carinho do vento te tocar o cabelo, o rosto, os medos
Toda sua pele vibra com mais um despertar de possibilidades
O livro da vida é dividido em capítulos, escritos por partes.

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