domingo, 29 de setembro de 2024

 O tal do coração 


Se fosse de papel 

Poderia ser facilmente amassado 

E sorrateiramente descartado 

Na lixeira próxima do alcance das mãos


Se fosse de papelão 

Poderia ser destroçado 

Em minutos e sem alarde 

À noite, de manhãzinha ou à tarde 


Se fosse de madeira 

Poderia ser picotado 

Com um serrote afiado 

E despejado em um gramado qualquer 


Se fosse de alumínio 

Poderia ser pisoteado 

E lançado a uma caçamba 

Sem sequer ser notado   


Se fosse de gelo 

Poderia facilmente 

Ser diluído e até consumido

Em formato de água 


Oh! Mas é de carne 

Pulsa, vibra, arde, queima 

E transita pelo arcabouço de afeto

Que o integra 


Ele reproduz emoções 

Rudimentares e primitivas

E acessa a pulsação contumaz

Que o faz ser chamado de Coração. 

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