domingo, 11 de julho de 2010

Pé no freio

Vendou os olhos
Com as mãos entreabertas
E pisou em falso
A cada retomar de sonhos mortos
Atirados pela janela
Num devaneio certeiro,
Capaz de gelar as flores
Mais reluzentes do seu canteiro.
Cruzou os braços
E desviou os olhos dos sinais
E seus resquícios pobres
Em persistência e coragem
Abriu as portas
E a saudade invadiu seu peito
Como uma intrusa,
Ordenou que se retirasse se só lhe usa
Como pretexto para ensaios interrompidos,
Entre mãos gélidas e lágrimas secas,
Sorrateira, tem medo?
Caminha tão vagarosamente
Ela esconde o rosto, sua face sem nome
Vai para longe, quem escreveu este roteiro?
Dela nada sabem, e está quase sempre
Com os pés pisando no freio.

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