Leituras de Álvaro de Campos instigam poesia em mim, seu "cansaço" que tão perfeitamente traduz estados da alma. Abaixo, um poema meu após lê-lo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Às avessas

Ah! Um coração às avessas do mundo
Atravessa ruas e se desnuda
Mas era inverno
E seu avesso o rende num inefável
Casaço
Daquele peso que o mundo lhe traz,
Um peso assim, de estar vivo num fardo
De decepções aos ombros acomodado
E de passear sozinho nos arredores
Dos jardins públicos aonde não se anda só

E ainda assim o mundo aponta os dedos ao coração,
Ele utiliza suas vestes e espera a próxima estação
Para desnudar-se no passeio público da vida
Onde titubeia a beleza vulgar da visão das coisas
Que se lhe apresentam
E avista no infinito num passo vago e sorrindo
A ausência dos bosques e seus enamorados
E corre num gesto ardente de liberdade

Com seus pés que tudo querem,
mas nada podem alcançar sem sonhar...

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