Reviravolta da garotinha
Olhem, venham ver o espetáculo cinza
Da menina que não podia colorir
E preencher vivazmente as telas
De sua própria vida em aquarela.
Seus olhos cuja cor se faz indefinida
Refletem a sofrida amargura de quem
Espera e clama por socorro em um grito
Dotado do mais puro silêncio,
Que a invade e preenche suas lacunas
Com músicas que lhe distraem,
Enquanto sua reputação é esmigalhada por alguns
E o descrédito a lançaria ao chão.
Mas ela vai reagir.
Pensam ser ausente, porém está viva,
Há de encontrar a saída que alivie
O invisível fardo que desde sua existência carrega,
Que aos músculos da face enrijece e pune
A docilidade em sua expressão,
Cuja aparência se faz deveras franzina,
Olhar bravo de menina
Que teme outro golpe de facadas em seu coração.
Com cautela planeja seus passos,
Serão fincados em solo firme que fará um dia
Sua glória reluzir e a imensidão de trevas definitivamente
Se esvair dali.
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