segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Limpando os lençóis de seda que os ratos haviam destroçado

Recolhendo os fiapos espalhados pelo chão,
Noto as marcas de dentes dos ratos cravados
De ponta a ponta neste lençól raro, de estimação.
Os ratos se deleitaram e fugiram sem qualquer explicação.
Talvez o lençól tenha sido útil até seu mel ser digerido como fel,
Ou quem sabe o gosto amargo foi levar o fardo da fidelidade
Sem vontade de tomar para si o lençól de seda com exclusividade.
Do gosto saboroso de outros lençóis ao moroso gesto de recusa,
Nada usa além dos lençóis de seda,
Mas em segredo contempla outras belezas
Que um dia em grandeza iria tocar,
E o lençól de seda, em suma certeza abandonar.
Trituraram o lençól de seda até o desgastar,
E foram em busca de novos lençóis
Cujo gosto peculiar cativa os ratos
Até que possam se fartar e rumar
Em busca de novos lençóis que seus dentes afiados
Possam devorar e se esquivar quando quase nada restar.

Um comentário:

Victor Canti disse...

nossa, este é cheio de metáforas, interessante...