terça-feira, 1 de junho de 2010

Transcorrido

Aquela menina recolhia
Lantejoulas coloridas
Em seu jardim de sonhos

Seu sorriso era jocoso,
O seu andar jeitoso
E tinha um brilho no olhar

Ela abriu o portão de seu castelo
E avistou a rua em luzes de neon,
Um convite ao novo universo, aceitou

Foi lá fora que encontrou o tal amor,
Este se apresentou e com ela caminhou
Em ladrilhos floridos e perfumados

Mas uma plantação de espinhos
Se colocou no caminho onde passariam
Lado a lado

Então o amor se desvirtuou,
Ter alergia a espinhos alegou
E a menina caminhou sozinha

Na caminhada se encontrou com a decepção,
Vestia um terno preto e carregava
Uma cartola nas mãos

Com um sorriso sarcástico, da menina caçoou
E lhe disse da ingenuidade que a desmoronou
Neste cenário trágico de dor

A menina se debruçava em lágrimas
Salgadas como a amargura
Que dela não se afastava

Em sua penúria, a frustração se aproximou
Brotou da cartola da decepção, que dançava
Um tango russo sem música e sem direção

Tentou um diálogo com a menina,
Lhe sugeriu que olhasse para cima
E enxugasse seu pranto sem cor

Com os dedos trêmulos ela ouviu a frustração
E tentou se recompor com uma força
Que não sabia ter nas mãos em meio a tanto torpor

Foi então que a frustração ordenou à decepção
Que parasse a música imaginária de deboche
E se aproximasse da menina como quem pode ajudar

Frustração e decepção por um instante conversaram
Sozinhas, combinando uma sugestão para a menina
Se levantar da tristeza, sair do chão

Pois ambas falaram do enfrentamento necessário
E fardo, mesmo por que, a menina saiu
De um castelo mágico e se deparou com o fracasso

E ela não conhecia o fracasso, este lhe sorria
Com um dente de ouro e paletó colorido
Embaixo do braço

Lhe dirigu a palavra, dizendo para devorá-lo,
Ou então ele a devoraria e dela nada
Restaria senão um fiasco lançado a esmo

Sem endereço, sem apreço e sem contato
Com a força sublime que ela teria
Se o encarasse como igual, ela quis o páreo

Secou as feridas que lhe corroíam as mãos,
As pernas, e o lado esquerdo do peito, no tal coração
Neste o sangue era certeiro e jorrava sem interrupção

A menina pegou os espinhos que o amor recusara
E fez um terninho para vestir-se quando as trevas
Ameaçassem derrubá-la, e se encorajou

Construiu os alicerces que lhe impediam
De gozar novamente da paz que era sua,
Interior

A seu tempo ela cresceu internamente,
Fez da dor e do pranto seu canto
Mais sincero e duradouro

Apesar do matadouro de vidas
Que desalinham na ardura
Da crueldade que vem de gente.

Um comentário:

Deivis disse...

Humm.. curti o blogg rs ...

Beijoo