sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sê!

Sê-me flor no deserto,
À beira das correntezas
E abismos sem perfume
Sê-me flor no inverno cujo frio gela a pele,
Aonde não se encontram flores

Me presenteie com seu odor diferenciado,
Sê seda colorida aos meus olhos cinzas
Ao brilho do mundo
Sê luz ofuscante ao meu reino de cansaço ofegante
E sê primavera em meio ao caos que me abriga

E quimera seja flor junto aos espinhos
Que tão certeiros tocam minhas mãos,
Sê flor junto ao sangue que derrubo do peito
Ao ver meu pranto se esvair de mim e se unir ao meio exterior
Me congelando o coração

Sê cada pétala perdida de minha melancolia precoce
Obtenha posse do jardim dos meus passos,
Sê Jasmin perfumado quando o labirinto vivo corrói e traz medo
Sê acalento tão sereno que me nina e afasta pesadelos,
Sê companhia de doces sorrisos descompromissados

Sê criatura que me abriga em seu peito e caminha ao lado
Amenizando feridas, sê pessoa nas dádivas e dúvidas
Me traga seu mundo de verdades cruas,
Quer em vaidade ou empecilhos, sê fiel em seu relato e
Construa comigo um ninho de paz

Sê-nos flores e algo mais,
Um perfume sereno e voraz, sê-nos crisântemos dourados
Em meio a um incerto reinado, construamos nossos alicerces
Nas fagulhas do cotidiano e suavidade das flores
Que nos enlaçam, não por engano.

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