sábado, 24 de setembro de 2016

Menina

Sedenta de amor, menina
De olhos cor de brilho na retina
Percorria ruas escuras de si mesma

Com a tranquilidade inexistente
Nessa gente que remexe em arquivos internos
E evocam porções de medo de todos os lados

Ouvinte de canções saudosas
O peito inflamava um choro sutil
Contido em palavras não verbalizadas

Relacionamentos, ela via com ávida paixão
De sofrimento antecipado era temerosa
Via no presente um filtro de possibilidades novas

Reinventar conceitos era motivo de curiosidade
Menina inquieta e descontente com aquilo
Que para ela era estática realidade

De sonhos pouco se recordava
De atos era toda desajeitada
Mas não hesitava em desbravar em amplitude

Amiúde diziam-lhe que não existiam novidades
O calendário comprovava a morosidade
Triunfante do administrador soberano, o Tempo

Tampouco concedia ouvidos àqueles
Que com desdém riam de seus tropeços
Mas ouvia o som advindo do estralar de seus joelhos

Menina revolucionária de si
A contragosto destrancou o peito e lançou o cadeado:
Antes de qualquer previsibilidade, é preciso permitir-se sentir! 

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