Menina
Sedenta de amor, menina
De olhos cor de brilho na retina
Percorria ruas escuras de si mesma
Com a tranquilidade inexistente
Nessa gente que remexe em arquivos internos
E evocam porções de medo de todos os lados
Ouvinte de canções saudosas
O peito inflamava um choro sutil
Contido em palavras não verbalizadas
Relacionamentos, ela via com ávida paixão
De sofrimento antecipado era temerosa
Via no presente um filtro de possibilidades novas
Reinventar conceitos era motivo de curiosidade
Menina inquieta e descontente com aquilo
Que para ela era estática realidade
De sonhos pouco se recordava
De atos era toda desajeitada
Mas não hesitava em desbravar em amplitude
Amiúde diziam-lhe que não existiam novidades
O calendário comprovava a morosidade
Triunfante do administrador soberano, o Tempo
Tampouco concedia ouvidos àqueles
Que com desdém riam de seus tropeços
Mas ouvia o som advindo do estralar de seus joelhos
Menina revolucionária de si
A contragosto destrancou o peito e lançou o cadeado:
Antes de qualquer previsibilidade, é preciso permitir-se sentir!
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