Fato passado na memória
Assisti suas peças se unirem
E pude contribuir em sua construção
Observei a dor se esvair
Através de sua movimentação certeira
Em meu peito, naquilo que chamam coração
E em alto mar nosso navio seguia um rumo só
A mesma voz conduzia seu remo a esmo,
Numa cumplicidade perdida no tempo
E o céu ensolarado que favorecia a maré
De conquistas e brincadeiras apaixonadas,
Cedeu espaço a um céu de nuvens negras
E longas descargas elétricas ameaçadoras
E não em vão, o navio estremecia em alto mar
Sem destino ele não se decidia entre seguir ou ancorar
Em tentativas falhas de movimentação
Suas peças cederam espaço à destruição em alto mar,
O naufrágio dos sonhos que seguiam um caminho
Se concretizou e não havia recursos para voltar
No caminho, duas escolhas:
Habitar uma ilha vazia à espera de alguma gratificação do navio
Ou longas braçadas a nado rumo ao solo firme
Hesitei abandonar os destroços investidos de afeto,
Lágrimas visitaram meu rosto em desespero
E escolhi aguardar do navio alguma comunicação
E a vida seguia linear e sem flexibilidade
Para me lançar ao mundo em busca
Se novas possibilidades, aí então...
A escolha foi redirecionada, o naufrágio
Não fora esquecido, porém desinvestido
E transformado em fato passado na memória.
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Um comentário:
Alguém aí?
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